O Retorno
Depois de mais de dois anos afastado, eu resolvi reativar este blog por diversos motivos. O primeiríssimo deles e, egoísmos à parte, é me obrigar a estudar novamente esta religião tão fascinante. O outro, é esclarecer um pouco que seja a
quem se atrever a ler as linhas deste espaço virtual.
Então, para recomeçar, publico um texto sobre o que é a
Umbanda. Nada mais justo do que começar pelo começo, né?!
Pra você eu desejo uma excelente leitura. Bora pro texto!
abç
Felipe Couto
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A Umbanda
A Religião de
Umbanda foi fundada aqui no Brasil dia 15 de Novembro de 1908, pelo Caboclo das
Sete Encruzilhadas, através do seu médium Zélio Fernandino de Moraes.
O Caboclo se
manifestou em uma sessão Kardecista em Niterói onde anunciou: “Venho trazer a
Umbanda, uma religião que harmonizará as famílias e há de perdurar até o final dos
séculos... Amanhã, na casa onde meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda
e qualquer entidade que queira ou precise se manifestar, independente daquilo
que haja sido em vida, todos serão ouvidos e nós aprenderemos com aqueles
espíritos que souberem mais e ensinaremos àqueles que souberem menos e a nenhum
viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai.”
Assim, o Caboclo
das Sete encruzilhadas fundou a primeira tenda de Umbanda, “Tenda Nossa senhora
da Piedade”, mantida até hoje pela filha de Zélio, Zilméia de Moraes.
Ali mesmo o
caboclo previu muitos acontecimentos históricos que viriam a acontecer, como a primeira
e segunda grande guerras e algumas revelações, como a de que ele mesmo teria
sido em outra encarnação o Padre Gabriel de Malagrida, sacrificado na fogueira
da inquisição por ter previsto o terremoto que destruiu Lisboa em 1755, em sua
última encarnação teve o privilégio de nascer como um caboclo brasileiro. Assim
temos que a
“Umbanda é a
manifestação do espírito para a prática da caridade”, Zilméia filha de Zélio de
Moraes, afirma que “Umbanda é Amor e Caridade”.
Da casa do Zélio
vieram muitas outras casas que se multiplicaram em outras tantas, mas muitas outras
viriam depois sem nenhuma ligação material com a primeira, pois a mediunidade
surge em todos os cantos e através dela se manifestam as entidades de Umbanda,
independente dos laços físicos ou iniciações.
O crescimento da
Umbanda foi vertiginoso, em sentido horizontal, sem “Papas”, com pouca hierarquia,
sem núcleo, sem unidade, sem um órgão que unisse a todos, pois ela simplesmente
se manifesta e pede muito pouco para se manter.
A Umbanda não foi
codificada, como foi o kardecismo em sua origem por Hippolyte Leon Denizard Rivail
(Livro dos espíritos, Livro dos médiuns, Evangelho Segundo Espiritismo, O Céu e
o Inferno e A Gênese) a Umbanda foi manifestada, e o kardecismo esclarecido,
por isso temos muito a aprender com o Kardecismo sobre esclarecimento e eles
muito a aprender conosco sobre manifestação.
Costumo dizer que
se não temos uma “Bíblia Umbandista”, todos os livros sagrados da humanidade
são nossos, para extrairmos o que eles tiverem de melhor, temos a liberdade de
estudar a Bíblia Cristã, o Tora (Judeu), O Alcorão (Muçulmano), O Tao Te Ching
(Chinês), O Zend Avesta (Persa), Os Vedas (Hindu) e tantos outros.
Não temos 10
mandamentos Católicos, mas nos basta apenas um mandamento: “Amar ao próximo
como a si mesmo e Deus acima de todas as coisas.”
Não temos sete
pecados capitais (gula, avareza, inveja, ira, luxuria, orgulho e preguiça)
porque não acreditamos em pecado, mas cremos em vícios e virtudes, nos sete
sentidos da vida (Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração)
dentro de nosso livre arbítrio, em que o que se volta para o ego torna-se
vício.
Não temos dogma
nem tabu, pois na Umbanda ninguém é obrigado a aceitar nada, mas o conhecimento
vai sendo absorvido naturalmente, e da mesma forma a própria religião evolui e
se adapta.
Umbanda não é uma
seita religiosa, Umbanda é religião, portanto, tem seus fundamentos próprios
que devem ser esclarecidos. O conceito de seita é muito antigo, e vem da época
em que havia religiões oficiais, em que aqueles que se opunham de alguma forma
àquela liturgia, formando grupos dissidentes, eram chamados de seitas e,
portanto, considerados “hereges”, à margem da sociedade.
Hoje em dia o termo
seita é muito mais utilizado para identificar grupos de fanáticos religiosos, que
mantém facções em cima de práticas e conceitos que vão contra o bom-senso
comum. A Umbanda não surgiu para se opor a ninguém, não usamos métodos de
conversão ou fanatismo doutrinário, as práticas religiosas jamais poderão
atentar contra o bom-senso ou os valores de moral comum.
Com base nesses
dados, podemos dizer com certeza que Umbanda é religião, e o que está surgindo
é uma base umbandista, com fundamentos umbandistas, diretamente recebidos pela espiritualidade.
O objetivo das
religiões é religar o homem a Deus, simples, cada uma de uma forma diferente, pois
diferentes são as culturas, não existem religiões melhores que as outras.
O Catolicismo é a
melhor religião do mundo para o Católico, da mesma forma o Judaísmo para o Judeu,
o Islamismo para o Islâmico, Budismo para o Budista, Kardecismo para o
Kardecista (embora muitos não o consideram como religião), e Umbanda é a melhor
religião do mundo para os Umbandistas, ao mesmo tempo uma não é melhor que a
outra, mas satisfazem necessidades sociais, culturais, grupais e individuais.
Podemos e devemos
absorver o conhecimento de outras religiões, ampliando assim nosso universo espiritual.
Na verdade temos a aprender com todos e todos têm a aprender conosco, quando a
única religião for o Amor, o que existirão serão práticas diferentes deste Amor,
Umbanda é a nossa prática do Amor.
A Umbanda surge da
necessidade de uma nova realidade cultural miscigenada, do encontro destas culturas
do índio brasileiro, do negro africano e do branco europeu somando uma riqueza
espiritual muito grande de um novo povo, que não se enquadra mais nos moldes
clássicos de religiosidade, um povo que não aceita fronteira espiritual, que
não aceita tabus ou dogmas, um povo que além de tudo isso vive na era da
informação.
As práticas da
umbanda são milenares como a defumação, magia natural e cerimonial, manifestação
mediúnica, adoração às divindades e principalmente o culto à natureza, em que o
divino se manifesta em sua forma mais pura, estas práticas são tão antigas
quanto as lendas da Lemúria e Atlântida, atraindo para a Umbanda espíritos
muito antigos, ancestrais, já fora do círculo reencarnacionista, que adaptam à
simplicidade da Umbanda seu conhecimento já esquecido pela humanidade,
verdadeiras egrégoras de remanescentes de outras religiões extintas na matéria
formam linhas de trabalho dentro da Umbanda.
Parece difícil
conceber ou organizar tudo isso, mas “a umbanda traz em si energia divina viva
e atuante à qual nos sintonizamos a partir de nossas vibrações mentais, racionais
e emocionais, energias estas que se amoldam segundo nosso entendimento do
mundo.”1 Cada um ou cada grupo umbandista realiza seus
trabalhos, sessões, segundo seu ponto de vista, sem deixar de ser umbanda. Cada
casa, templo ou tenda é diferente um do outro e todos são centros ou “igrejas
de umbanda”.
O que há em comum
é a essência, e não a forma! Mas é tudo muito novo, se compararmos com outras
religiões, a Umbanda que tem 104 anos não está nem engatinhando, enquanto
muitos acham que ela já é uma “velha senhora”, tudo está por se fazer na
Umbanda, principalmente no campo do esclarecimento da essência. Muitos estudam
a forma, o trabalho realizado dentro do seu grupo (tenda, terreiro), quando
observam um outro grupo afirmam que o outro não é Umbanda por ser diferente,
este é um comportamento muito infantil ou de pessoas de má-fé, pois: O seu
terreiro é Umbanda, mas, Umbanda é o seu terreiro e muito mais, é todos ao
mesmo tempo e muito mais, pois ela não está limitada em paredes, ela não está
codificada, ela é livre, e esta é uma das maravilhas da Umbanda.
Agora é preciso
entendermos a essência da Umbanda, que são os fundamentos de Umbanda, que só a
espiritualidade pode nos passar. “Umbanda tem fundamento.”
Desde a origem da
religião ouvimos falar de “Sete Linhas de Umbanda”, e cada um ensinou o que era
sete linhas da sua forma, mas ninguém havia ensinado o que é a essência das
sete linhas que absorve em si todas as formas.
A espiritualidade
através da mediunidade nos esclareceu que as Sete Linhas de Umbanda são as sete
vibrações de Deus, pois tudo ele cria de forma sétupla, como as sete cores do arco-íris
em sintonia com nossos sete chacras. Isto é essência, pois na forma, para os
que acham que sete linhas de Umbanda são Sete Orixás, dizemos sete Orixás são
manifestadores de sete vibrações, outros acham que sete linhas de Umbanda são
sete santos católicos, dizemos, sete santos se manifestam em sete vibrações,
outros dizem que sete linhas de umbanda são sete cores do arco-íris, e dizemos,
sete cores do arco-íris é a manifestação visual das sete vibrações de Deus,
outros ainda dizem que sete linhas de umbanda são sete arcanjos, e voltamos
mais uma vez em sete vibrações de Deus, pois sete linhas também não cabem em
uma forma, mas são sim a essência de tantas interpretações.
Quando encontrar
alguém discutindo quais são as verdadeiras sete linhas de umbanda lembre-se disso:
estão discutindo sobre a forma, e a forma pouco importa. Cada um o faz sob o
seu ponto de vista. Mas o que verdadeiramente importa é a essência.